Na Assembleia Geral da organização, António Guterres defendeu proteção a imigrantes
Secretário-geral da ONU, António Guterres, fala durante a 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas - JOHN MOORE / AFP
NOVA
YORK — A 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas começou nesta
terça-feira com um apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres,
por esforços que restituam a confiança internacional e estimulem o
multilateralismo. Ex-premier português, o chefe da organização
classificou a ordem mundial atual de "caótica", tendo mencionado como
desafios a desnuclearização da Península Coreana e a proteção dos
direitos de imigrantes e refugiados.
—
Hoje, a ordem mundial é cada vez mais caótica. As relações de poder são
menos claras — disse Guterres à Assembleia Geral no primeiro discurso
do dia. — Líderes têm o dever de promover o bem estar do seu povo. Como
guardiões do bem comum, também temos o dever de promover e apoiar um
sistema multilateral reformado, revigorado e reforçado.
Assembleia
Geral da ONU assiste ao discurso do chefe da organização, António
Guterres, que pediu multilateralismo aos 193 países presentes - SPENCER
PLATT / AFP
O secretário-geral elogiou o acordo de paz firmado entre Etiópia e Eritreia,
que colocou fim a 20 anos de tensões entre os dois países; o
compromisso da Colômbia com a paz, enquanto o país trabalha para
reinserir socialmente milhares de ex-guerrilheiros das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (Farc); os encontros entre os líderes das Coreias do Norte e do Sul,
que, segundo Guterres, geram esperanças de uma "completa e verificável"
desnuclearização da Península Coreana; e o que o secretário-geral
chamou de "sinais de esperança, ainda que haja longo caminho a
percorrer" na direção de um acordo entre nações europeias para elaborar
políticas migratórias conjuntas.
—
Aqueles que veem seus vizinhos como perigosos podem provocar ameaças
onde não havia nenhuma. Aqueles que fecham as suas fronteiras à migração
regular apenas alimentam o trabalho de traficantes — disse Guterres. — E
aqueles que ignoram direitos humanos para combater o terrorismo tendem a
estimular o mesmo extremismo com o qual estão tentando acabar.
BRASIL ABRE ASSEMBLEIA GERAL
Presidente Michel Temer foi o primeiro chefe de Estado a discursar na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas - JOHN MOORE / AFP
Integrada
por 193 países, a Assembleia Geral acontece todo mês de setembro em
Nova York. Embora a tradição não venha de nenhum norma oficial da ONU,
um representante brasileiro sempre faz o discurso de abertura da
Assembleia Geral. O presidente Michel Temer foi o primeiro chefe de
Estado a discursar nesta terça, tendo repetido o tom adotado por
Guterres de estímulo ao multilateralismo e à diplomacia, criticando
tendências isolacionistas que reavivam "velhas intolerâncias" e fazem as
"recaídas unilaterais cada vez menos a exceção".
Temer
ainda mencionou os esforços do Brasil para promover a integração na
América do Sul e a recepção a imigrantes venezuelanos que chegam a
Roraima, além da aprovação no ano passado da nova Lei de Migração.
Também criticou a guerra comercial entre China e Estados Unidos.
—
No Mercosul, por exemplo, afirmamos a vocação democrática do bloco —
afirmou o presidente, destacando a aproximação do Brasil com a Aliança
do Pacífico e a União Europeia. — Seguimos estreitando nosso
relacionamento com as Américas, com a Europa, com a Ásia e com a África.
Em
relação à Venezuela, o presidente brasileiro manteve um tom brando, sem
fazer críticas direcionadas ao governo do presidente Nicolás Maduro.
—
O Brasil tem recebido todos os que chegam a nosso território. São
dezenas de milhares de venezuelanos a quem procuramos dar toda a
assistência. Com a colaboração do Alto Comissariado para Refugiados,
construímos abrigos para ampará-los da melhor maneira. Temos promovido
sua interiorização para outras regiões do Brasil. Emitimos documentos
que os habilitam a trabalhar no país. Oferecemos escola para as
crianças, vacinação e serviços de saúde para todos. Mas sabemos que a
solução para a crise apenas virá quando a Venezuela reencontrar o
caminho do desenvolvimento — disse Temer.
Essa
é a última vez, como presidente da República, que Temer participa da
Assembleia-Geral das Nações Unidas. Por isso o presidente aproveitou
para lembrar que, em duas semanas, os brasileiros vão às urnas para
eleger um novo chefe de Estado. Ele disse que vai entregar um país
melhor para seu sucessor. Depois do presidente brasileiro, é a vez do
presidente equatoriano, Lenín Moreno, e em seguida do chefe de Estado
americano, Donald Trump.
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