‘Número de tropas inimigas ao redor da Rússia é sem precedentes’
A
concentração atual de forças inimigas perto das fronteiras russas é
inédita desde a invasão nazista em 1941, disse o cientista político
norte-americano, especialista em estudos russos, professor Stephen
Cohen, no show de John Batchelor, transmitido pela emissora americana
WABC.
© AP PHOTO/ MINDAUGAS KULBIS
O seu comentário surge após as últimas ações da OTAN para fortalecer as suas posições na Europa do Leste.
“Tenho
uma questão para Washington porque é Washington quem controla a OTAN.
Será que não realizamos que nos estamos deslocando rumo a uma guerra
real com a Rússia ou é um plano de provocar a Rússia para ações
militares?”, pondera o professor.
Se os EUA, com efeito, não realizam que consequências graves as suas ações podem ter, devem “acordar”.
Se
a resposta correta for a segunda – ou seja, se os EUA não estão contra
uma guerra contra a Rússia, devem “estar loucos”, afirmou o professor
norte-americano. Segundo ele, um conflito militar de tal envergadura
necessariamente acabaria com o uso de armas nucleares por uma das
partes.
© AFP 2016/ JOHN THYS
Comandantes da OTAN recomendam deslocar batalhões para países bálticosCohen
disse que já um mês que observa o reforço permanente das forças da OTAN
ao longo de fronteiras da Rússia – na terra, no mar e no ar. De acordo
com o especialista, tais forças inimigas não se aproximaram a Moscou
desde o início da Segunda Guerra Mundial. Os russos guardam uma memória
viva daquela guerra e por isso levam as ações da OTAN muito a sério.
O
professor norte-americano presta atenção ao fato de que o pretexto para
reforçar as posições dos EUA e da OTAN na Europa foi inventado. Cohen
citou a declaração do chefe do Pentágono, Ashton Carter, que falou sobre
a agressão russa na Europa do Leste.
Cohen
afirmou que não está claro o que Carter quer dizer com “agressão”. Não
pode falar de vitórias russas sobre o grupo terrorista Daesh na Síria,
sublinhou o professor.
“O
que precisamente fez Putin? Dizer-nos que ele realize agressão de
alguma forma ou a intensifique não é uma resposta que pode justificar a
prontidão dos EUA de entrar na guerra contra a Rússia“, disse.
© REUTERS/ SLAWOMIR KAMINSKI/AGENCJA GAZETA
Cohen
destacou que a Rússia somente reage às ações da OTAN e tem pleno
direito de fazer isso. O cientista político recordou que Putin não
demorou e diretamente declarou que as ações da aliança ameaçam o seu
país.
Ao mesmo tempo, a aliança se queixa de que a Rússia “desloca as suas tropas cada vez mais perto da OTAN”.
“Claro que ela faz isso, porque a OTAN está próxima das fronteiras russas”, esclareceu Cohen.
Segundo
o especialista, a Rússia tem o direito de instalar as suas forças onde
quer que seja, inclusive na Crimeia ou em Kaliningrado.
© AFP 2016/ GEORGES GOBET
A
crise atual nas relações bilaterais, na opinião de Cohen, é muito
parecido com a de mísseis de Cuba de 1962. Mas há alguns razões que
provam que agora a situação é ainda mais perigosa que naquela altura. Em
particular, disse que em 1962 os mísseis da USSR foram instalados “a
distância de 145 km dos EUA“ e agora os mísseis da OTAN são instalados
ainda mais perto – à porta da Rússia.
Além
disso, segundo o especialista, a crise de 1962 teve somente um ponto de
confrontação geopolítica. Agora são mais de um, inclusive os países
Bálticos, a Ucrânia, a Turquia e a Síria.
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