ILLUMINATI - A ELITE PERVERSA

sábado, 29 de setembro de 2018

O twitter de Trump e a nova ordem mundial proposta pela Alemanha

12:37
O twitter de Trump e a nova ordem mundial proposta pela Alemanha


O jornal O Estado de S. Paulo publicou, no dia 16 de setembro, um artigo assinado pelo Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Mass, intitulado “Planos para uma nova ordem mundial”.

O artigo é muito interessante e, embora isso não seja mencionado de forma explícita em nenhum momento do texto publicado no Estadão, é nitidamente uma reação a um twitter de Donald Trump, de 10 de julho, onde o presidente estadunidense diz:

A União Europeia torna impossível para nossos agricultores, trabalhadores e empresas fazerem negócios na Europa (EUA tem um déficit comercial de US $ 151 bilhões), e então eles querem que nós possamos defendê-los com alegria através da OTAN, e ainda pagar muito por isso. Apenas não funciona!”
Trump





Como tudo na vida, as contradições interimperialistas têm base material e a resposta a Trump vem de forma contundente. O principal responsável pelas relações internacionais da Alemanha diz que é preciso denunciar as “fake news”, e argumenta que “o equilíbrio de conta corrente entre EUA e Europa abrange mais do que apenas o comércio de produtos, isso quer dizer que não são os EUA que têm um déficit, mas sim a Europa. E uma razão são os bilhões de lucro que as subsidiárias europeias de gigantes da internet como Apple, Facebook e Google transferem para os EUA anualmente”.

Este raciocínio termina com uma sutil – porém límpida – ameaça:

Assim, quando falamos em regras justas, também devemos falar de taxação justa de lucros como nesses casos”.

No terreno da geopolítica as desavenças, ainda mais entre aliados, costumam ser conduzidas de modo muito hábil – com a evidente exceção de Donald Trump – sem que cada lado deixe de mandar o recado necessário. Segue este padrão a parte do artigo em que o ministro alemão avisa que pretende abalar um dos pilares sagrados que sustenta a hegemonia americana no mundo: o papel do dólar como moeda universal:

é fundamental fortalecer a autonomia europeia estabelecendo canais de pagamento independente dos EUA, um fundo monetário europeu e um sistema ‘swift’ (de pagamentos) também independente.”

O ministro não deixa ainda de responder ao twitter de Trump no que se refere à Otan:

É de nosso interesse fortalecer a parte europeia da Otan. Não porque Trump está determinando novas metas percentuais, mas porque não podemos mais depender de Washington na mesma medida (…) Aumentar os gastos com a defesa e a segurança tem sentido a partir desta perspectiva.”

E critica o abandono do acordo com o Irão e a imposição de sanção ao país persa sem articulação com a Europa:

é de importância estratégica deixar claro para Washington que desejamos trabalhar juntos, mas que não permitiremos que passem por cima de nós e em nosso detrimento”.

O texto defende o multilateralismo, critica o afastamento dos EUA da ONU e informa que a Europa aumentou a ajuda aos refugiados palestinos, etc.

O artigo de fato aponta para o aumento das tensões entre os EUA sob a administração de Donald Trump e a União Europeia, mas nada nos permite um otimismo exagerado, pois os laços econômicos e os interesses estratégicos que unem estes dois atores são mais fortes do que as eventuais discordâncias.

Como disse o embaixador da Rússia no Brasil, Sergey P. Akopov, em recente encontro com representantes do PCdoB: “as contradições entre EUA e União Europeia existem, mas nada que possa nos alimentar ilusões”.

Isso fica claro no trecho onde o ministro alemão faz profissão de fé sobre a importância do poder militar conjunto da “Aliança Transatlântica”:

Em nenhum aspecto a união transatlântica é mais indispensável do que no campo da segurança. Seja como parceiros da Otan ou na luta contra o terrorismo, precisamos dos EUA”. 

Por outro lado, o texto mostra que existe margem de manobra para que as nações defensoras de relações internacionais baseadas no respeito à soberania e à autodeterminação possam explorar – sem ilusões, como adverte Akopov – as fissuras entre Europa e os EUA de Trump.

O artigo do Ministro alemão, não por acaso, termina em alto estilo. Deixando claro, sem citá-lo, que está respondendo diretamente ao twitter de Trump de julho, Heiko Mass finaliza comentado que “será uma bela ironia (…) (se) os tuítes da Casa Branca realmente levarem a uma parceria equilibrada, a uma Europa soberana e a uma aliança global em defesa do multilateralismo”.



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Saeb Erekat, secretário-geral do Comitê Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), AFIRMA: Presidente Trump fechou as portas à paz

12:37
Saeb Erekat, secretário-geral do Comitê Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), AFIRMA: Presidente Trump fechou as portas à paz


NOVA YORK, 25 de setembro, 2018 (WAFA) - Saeb Erekat, secretário-geral do Comitê Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), disse terça-feira que o presidente dos EUA, Donald Trump fechou as portas para a paz.

Erekat estava reagindo ao discurso de Trump na sessão de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas abertura.

"O presidente Trump confirmou que seu governo tem fechado as portas para a paz e não pode desempenhar um papel no processo de paz, afirmando que a sua decisão de mudar sua embaixada para Israel a Jerusalém, em violação da Resolução 478 do Conselho de Segurança, foi um 'reconhecimento da realidade' ", disse Erekat em comunicado. "Em vez disso, o que seu governo fez, e continua a fazer, é premiar e incentivar violações do direito internacional, a colonização, crimes de guerra e apartheid."

Erekat também atacou Trump para sua rejeição do Tribunal Penal Internacional (TPI).

"Sua rejeição do Tribunal Penal Internacional é uma rejeição da lei internacional", disse ele.

"Deve-se notar que Israel, a potência ocupante, não implementou nenhuma das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e da Assembléia Geral. A realidade hoje é que, devido às decisões pró-Israel unilaterais da administração norte-americana, a paz entre palestinos e israelenses foram descarrilou. a paz é uma necessidade real para ambos os palestinos, israelenses e as pessoas da região, e pode ser alcançado com a realização da solução de dois estados, o Estado da Palestina com Jerusalém Oriental como sua capital, para viver em paz e lado a segurança ao lado do estado de Israel nas fronteiras de 1967 ", Erekat concluiu sua declaração.

MK



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“Reconhecer Jerusalém como capital não prejudica a paz”

12:36
“Reconhecer Jerusalém como capital não prejudica a paz”
Presidente dos EUA discursou durante Assembleia Geral da ONU


Donald Trump na Assembleia Geral da ONU / Foto: EFE/Peter Klaunzer



Donald Trump na Assembleia Geral da ONU / Foto: EFE/Jason Szenes



Donald Trump na Assembleia Geral da ONU / Foto: EFE/Peter Foley

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou nesta terça-feira (25) o compromisso do país com um “futuro de paz e estabilidade” no Oriente Médio e considerou que sua decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel não prejudica o processo de paz entre palestinos e israelenses.

– Neste ano demos um importante passo no Oriente Médio. Em reconhecimento do princípio que cada estado soberano pode determinar sua capital, transferi a embaixada dos EUA de Israel para Jerusalém – lembrou o governante americano em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas.

De acordo com Trump, “os EUA estão comprometidos com um futuro de paz e estabilidade na região, inclusive a paz entre israelenses e palestinos, um objetivo que está avançando, e não sendo prejudicado pelo reconhecimento dos fatos”.

O governante americano garantiu que a política dos Estados Unidos não será “refém de velhos dogmas, ideologias desacreditadas e daqueles que se dizem especialistas e demonstraram várias vezes que estavam equivocados ao longo dos anos”.

Em dezembro, o governo dos EUA reconheceu Jerusalém como capital israelense e transferiu a embaixada para essa cidade, que os palestinos reivindicam como sede administrativa e religiosa de seu futuro Estado. Desde então, a relação entre o governo de Trump e as autoridades palestinas se deteriorou.

Nas últimas semanas, Trump ordenou o fechamento do escritório da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Washington e eliminou todos os recursos que os EUA concedem à Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), o que impactará nos serviços fornecidos a milhões de pessoas.

Os EUA eram o maior doador da UNRWA, cujo financiamento procede quase exclusivamente de contribuições voluntárias dos países-membros das Nações Unidas.

*Com informações da Agência EFE


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Rússia diz relações com Israel estão prejudicadas após avião ser derrubado

12:35
Rússia diz relações com Israel estão prejudicadas após avião ser derrubado



Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin. EFE/Sergei Karpukhin 

O Kremlin afirmou nesta segunda-feira que as relações entre Rússia e Israel ficaram prejudicadas, depois que o avião russo Il-20 foi derrubado na Síria, com 15 militares a bordo, em um ataque aéreo israelense contra instalações sírias.

"De acordo com os nossos especialistas militares, essa tragédia foi causada por ações premeditadas de pilotos israelenses, o que sem dúvida não pode prejudicar as relações russo-israelenses", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas.

O caso aconteceu na semana passada. Segundo a Rússia, caças israelenses usaram o Il-20 como escudo, o que obrigou o governo a tomar a decisão de enviar à Síria o sistema com mísseis antiaéreos s-300, acrescentou Peskov.

Mais cedo, o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, anunciou em comunicado que os s-300, capazes de interceptar simultaneamente vários alvos e com alcance de até 250 quilômetros, serão entregues às forças sírias em um prazo de duas semanas.

"A Rússia, neste assunto, se guia exclusivamente por seus próprios interesses. Isto não é contra países terceiros, mas em defesa dos nossos militares", explicou Peskov.

Shoigu deixou claro que a decisão de fornecer mísseis antiaéreos aos militares é uma resposta ao ataque israelense que provocou a queda acidental do avião militar russo.

Peskov, por sua vez, repetiu as palavras do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que no dia do incidente se referiu a uma "trágica cadeia de coincidências", mas ressaltou que a situação foi "favorecida por ações premeditadas dos pilotos israelenses".

"O avião, graças a Deus, não foi derrubado por um míssil israelense. Mas essa cadeia de coincidências foi provocada por ações premeditadas dos pilotos israelenses. E os dados levantados por nossos especialistas militares demonstram isso", afirmou o porta-voz do Kremlin.

Ontem, o Ministério de Defesa da Rússia responsabilizou Israel pela queda do Il-20 no último dia 17. O porta-voz da pasta, o general Igor Konashenkov, qualificou de "falta de profissionalismo" e "negligência criminosa" a atuação dos pilotos israelenses e disse que eles usaram a aeronave russa como escudo contra a defesa antiaérea síria.


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Presença Russa na Síria mal vista por Israel

12:34
Presença Russa na Síria mal vista por Israel
O chefe da inteligência aérea israelita reconheceu que a presença da Rússia na Síria é um desafio. Em entrevista à agência de notícias Haaretz, dias antes do derrube do avião russo Il-20, Uri Oron, admitiu que a presença russa na Síria desafiava Israel, mas não prejudicava as suas actividades.

Fotografia: bbcbrasil

“A presença russa nos desafia: Temos que ser muito precisos. No entanto, isso não significa que as aeronaves apenas possam voar sobre Israel”, disse.

O militar também reconheceu que a presença russa na Síria é um dos factores cruciais que determina a situação na região. Oron acrescentou que, antes da intervenção russa, todos tinham certeza de que o grupo terrorista Daesh (proibido na Rússia e numa série de países) se espalharia por todo o país.

Por seu turno, o ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, diz que compreende as acusações de Moscovo sobre o envolvimento do país no incidente com o avião russo Il-20, no entanto, insistiu que a responsabilidade é dos militares sírios.

“Nós também expressamos as nossas condolências em relação à morte de 15 militares do Exército russo a bordo desse avião, derrubado pelos sírios. 

Falei com o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu. Naturalmente, podemos compreender a sua atitude nesse momento”, destacou. Ao mesmo tempo, o ministro concordou que foi uma casualidade trágica, mas o Exército do Presidente sírio, Bashar Assad “é responsável por isso.”

No entanto, noutra entrevista à estação de rádio Galei Tzahal, Lieberman sublinhou que Israel não tem nenhuma outra opção, senão continuar a realizar operações na Síria para lutar contra a presença militar do Irão na região e prevenir o fornecimento de ar-mas modernas ao Hezbollah no Líbano.

O ministro não comentou possíveis medidas que a Rússia vai tomar nos próximos dias.


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Chefe da ONU pede multilateralismo para 'ordem mundial caótica'

12:33
Chefe da ONU pede multilateralismo para 'ordem mundial caótica'
Na Assembleia Geral da organização, António Guterres defendeu proteção a imigrantes


Secretário-geral da ONU, António Guterres, fala durante a 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas - JOHN MOORE / AFP

NOVA YORK — A 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas começou nesta terça-feira com um apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, por esforços que restituam a confiança internacional e estimulem o multilateralismo. Ex-premier português, o chefe da organização classificou a ordem mundial atual de "caótica", tendo mencionado como desafios a desnuclearização da Península Coreana e a proteção dos direitos de imigrantes e refugiados.

— Hoje, a ordem mundial é cada vez mais caótica. As relações de poder são menos claras — disse Guterres à Assembleia Geral no primeiro discurso do dia. — Líderes têm o dever de promover o bem estar do seu povo. Como guardiões do bem comum, também temos o dever de promover e apoiar um sistema multilateral reformado, revigorado e reforçado.


Assembleia Geral da ONU assiste ao discurso do chefe da organização, António Guterres, que pediu multilateralismo aos 193 países presentes - SPENCER PLATT / AFP

O secretário-geral elogiou o acordo de paz firmado entre Etiópia e Eritreia, que colocou fim a 20 anos de tensões entre os dois países; o compromisso da Colômbia com a paz, enquanto o país trabalha para reinserir socialmente milhares de ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc); os encontros entre os líderes das Coreias do Norte e do Sul, que, segundo Guterres, geram esperanças de uma "completa e verificável" desnuclearização da Península Coreana; e o que o secretário-geral chamou de "sinais de esperança, ainda que haja longo caminho a percorrer" na direção de um acordo entre nações europeias para elaborar políticas migratórias conjuntas.

— Aqueles que veem seus vizinhos como perigosos podem provocar ameaças onde não havia nenhuma. Aqueles que fecham as suas fronteiras à migração regular apenas alimentam o trabalho de traficantes — disse Guterres. — E aqueles que ignoram direitos humanos para combater o terrorismo tendem a estimular o mesmo extremismo com o qual estão tentando acabar.

BRASIL ABRE ASSEMBLEIA GERAL

Presidente Michel Temer foi o primeiro chefe de Estado a discursar na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas - JOHN MOORE / AFP

Integrada por 193 países, a Assembleia Geral acontece todo mês de setembro em Nova York. Embora a tradição não venha de nenhum norma oficial da ONU, um representante brasileiro sempre faz o discurso de abertura da Assembleia Geral. O presidente Michel Temer foi o primeiro chefe de Estado a discursar nesta terça, tendo repetido o tom adotado por Guterres de estímulo ao multilateralismo e à diplomacia, criticando tendências isolacionistas que reavivam "velhas intolerâncias" e fazem as "recaídas unilaterais cada vez menos a exceção".

Temer ainda mencionou os esforços do Brasil para promover a integração na América do Sul e a recepção a imigrantes venezuelanos que chegam a Roraima, além da aprovação no ano passado da nova Lei de Migração. Também criticou a guerra comercial entre China e Estados Unidos.

— No Mercosul, por exemplo, afirmamos a vocação democrática do bloco — afirmou o presidente, destacando a aproximação do Brasil com a Aliança do Pacífico e a União Europeia. — Seguimos estreitando nosso relacionamento com as Américas, com a Europa, com a Ásia e com a África.

Em relação à Venezuela, o presidente brasileiro manteve um tom brando, sem fazer críticas direcionadas ao governo do presidente Nicolás Maduro.

— O Brasil tem recebido todos os que chegam a nosso território. São dezenas de milhares de venezuelanos a quem procuramos dar toda a assistência. Com a colaboração do Alto Comissariado para Refugiados, construímos abrigos para ampará-los da melhor maneira. Temos promovido sua interiorização para outras regiões do Brasil. Emitimos documentos que os habilitam a trabalhar no país. Oferecemos escola para as crianças, vacinação e serviços de saúde para todos. Mas sabemos que a solução para a crise apenas virá quando a Venezuela reencontrar o caminho do desenvolvimento — disse Temer.

Essa é a última vez, como presidente da República, que Temer participa da Assembleia-Geral das Nações Unidas. Por isso o presidente aproveitou para lembrar que, em duas semanas, os brasileiros vão às urnas para eleger um novo chefe de Estado. Ele disse que vai entregar um país melhor para seu sucessor. Depois do presidente brasileiro, é a vez do presidente equatoriano, Lenín Moreno, e em seguida do chefe de Estado americano, Donald Trump.


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Presidente do Irã acusa Trump de 'fraqueza intelectual', 'terrorismo econômico' e 'disposição nazista'

12:32
Presidente do Irã acusa Trump de 'fraqueza intelectual', 'terrorismo econômico' e 'disposição nazista'
Apesar da veemência, Rouhani, sem opções, não descarta voltar à mesa de negociações


Hassan Rouhani discursou na tarde desta terça-feira na sede da ONU em Nova York - JOHN MOORE / AFP

NOVA YORK - O presidente do Irã, Hassan Rouhani, proferiu um incisivo discurso na tarde desta terça-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, no qual condenou a saída unilateral americana do acordo nuclear assinado em 2015 e as sanções econômicas contra o seu país, classificadas como "terrorismo econômico”, "chantagem" e "graves violações da lei internacional".

O presidente iraniano denunciou Washington por promover uma "guerra econômica", alegando que as sanções dos Estados Unidos interromperam o comércio global e atingiram o povo iraniano. Rouhani aproveitou a oportunidade para convidar Washington a voltar à mesa de negociações e abandonar o "bullying", e agir por meio do diálogo e não da pressão.

— O governo dos EUA, pelo menos o atual, parece determinado a tornar ineficazes todas as instituições de direito internacional existentes — disse Rouhani. — Em contradição com as regras e leis internacionais, nos convidam a conversas bilaterais. É um convite para o Irã não reconhecer as exigências de um Estado moderno, incluindo o princípio fundamental da continuidade da responsabilidade do Estado.

Em maio, Trump saiu do acordo nuclear firmado por Barack Obama em 2015, que determinava que as sanções internacionais ligadas ao programa nuclear iraniano eram suspensas em troca de medidas para fazer retroceder a capacidade de Teerã de fabricar uma bomba atômica. Desde agosto, os americanos restituíram as sanções, que serão expandidas em 4 de novembro.

Os efeitos para a economia iraniana têm sido desastrosos, conforme as exportações de petróleo do país despencam e diversas empresas deixam o país. Ontem, a sueca AB Volvo anunciou que vai interromper a produção de caminhões no Irã, por ser incapaz de receber pagamentos.

Rouhani definiu as sanções como “terrorismo econômico” e “uma violação do direito ao desenvolvimento”.

— Infelizmente estamos vendo presidentes que pensam que podem garantir os seus direitos fomentando extremismos e nacionalismos, com uma disposição nazista — comentou. — Líderes globais que acham que podem garantir seus interesses pelo atropelamento das regras globais e do boicote das instituições internacionais, inclusive por meio de atos absurdos e anormais, como convocar uma reunião de alto nível do Conselho de Segurança.

O órgão de segurança reúne-se amanhã, em um encontro que será presidido por Trump e do qual devem participar os chefes de Estado dos 15 integrantes do Conselho, exceto de China e Rússia, que devem enviar ministros.

O líder iraniano disse que o governo americano “nem sequer esconde o próprio plano”, de “derrubar um governo que convida a conversar”. Segundo Rouhani, o desprezo ao multilateralismo é “sintoma de uma fraqueza de intelecto” e revela “uma incapacidade de entender um mundo complexo e interconectado”.

Rouhani também elogiou a União Europeia e os demais signatários do acordo — assinado, além de Irã e EUA, pelos membros permanentes do Conselho de Segurança junto da Alemanha e pela União Europeia — por cumprirem suas exigências e ressaltou que o seu próprio país age do mesmo modo. No final de suas referências diretas aos EUA, ele convidou Washington a voltar à mesa de negociações e afirmou que o diálogo "começava ali mesmo".

— Se você não gosta do acordo porque ele é legado de seu antecessor político, o convidamos a voltar à mesa de negociações que deixou e a uma resolução assinada pelo Conselho de Segurança — disse. — O diálogo começa onde terminam as ameaças e sanções que violam princípios da ética e da lei internacional.

O convite ao diálogo pode ser entendido como uma abertura para negociações, uma vez que Teerã se encontra com poucas alternativas, diante da agressiva tática adotada por Washington. O país enfrenta uma grave crise inflacionária e desemprego. Analistas consideram a tática de Trump, incomum de acordo com padrões diplomáticos, bem sucedida até aqui.

ROUHANI "É ADORÁVEL", DIZ TRUMP

Presidente Donald Trump discursa na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas, a segunda desde que tomou posse nos EUA - CARLO ALLEGRI / REUTERS

Em seu discurso, o presidente americano também comentou a saída americana do acordo nuclear com o Irã, que chamou de "horrível". Ele descreveu o governo iraniano como uma "ditadura corrupta" que "saqueia o seu povo para pagar por agressões externas", afirmando ainda que novas sanções serão implementadas para forçar uma mudança de comportamento de Teerã a partir da pressão econômica.

— Os vizinhos do Irã pagam um alto preço pela sua agenda de agressão e expansão. É por isso que muitos países do Oriente Médio apoiaram minha decisão de sair do horrível acordo nuclear de 2015 e reimpor sanções nucleares.

No começo da manhã, Trump fez uma declaração destinada a Rouhani no Twitter, antes de seu discurso na Assembleia Geral.

“Apesar dos pedidos, eu não tenho planos para conhecer o presidente iraniano Hassan Rouhani. Talvez um dia no futuro. Tenho certeza de que é um homem absolutamente adorável!”, escreveu, em contraste evidente com a retórica hostil em geral empregada em relação à liderança do país asiático.

Autoridades iranianas apressaram-se em negar que o país tenha pedido um encontro. De acordo com analistas políticos, a mensagem tinha o objetivo de mandar a mensagem de que Trump procurava se aproximar pessoalmente de Rouhani, em uma abordagem parecida com a que desenvolveu com o ditador norte-coreano Kim Jong-un.

Na segunda-feira, a União Europeia anunciou que vai estabelecer uma entidade legal para “facilitar transações financeiras como Irã e que isso permitirá a companhias europeias continuar a fazer negócios como país”. O mecanismo autorizaria a participação de outros países.

A iniciativa pode complicar os esforços de Washington para isolar o governo de Teerã. Um porta-voz da UE disse nesta terça-feira que ainda não se sabe exatamente quando o instrumento será inaugurado e que as discussões técnicas devem continuar nos próximos dias.

Nesta terça-feira, o secretário de Estado americano Mike Pompeo atacou os planos europeus, que definiu como “perturbadores” e “muito decepcionantes".

— Esta é uma das medidas mais contraprodutivas imagináveis para a paz e a segurança globais — afirmou Pompeo. — Ao garantir recursos para o regime, você está assegurando a posição do Irã como o Estado que mais patrocina o terrorismo.



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