Negócio poderá criar líder mundial do setor de pesticidas e sementes.
Faturamento anual combinado das empresas é de cerca de US$ 25,8 bi.
Bayer anunciou que fechou acordo pela compra da Monsanto (Foto: Marco Bello/Reuters/Arquivo; Brendan McDermid/Reuters/Arquivo)
A farmacêutica e companhia de produtos químicos alemã Bayer anunciou nesta quarta-feira (14) ter fechado acordo para a compra da norte-americana Monsanto, líder mundial dos herbicidas e engenharia genética de sementes, por US$ 66 bilhões.
O negócio encerra uma disputa de meses – após a Bayer aumentar a sua oferta pela terceira vez – e tem sido tratado como o maior do ano até agora. Trata-se também da maior compra realizada até hoje por uma empresa alemã.
Em comunicado, as empresas disseram que o "acordo de fusão definitiva" foi aprovado por unanimidade pelos Conselho de Administração da Monsanto, Conselho de Administração da Bayer e Conselho Fiscal da Bayer.
Negócio de gigantes
O acordo cria uma empresa que dominará mais de um quarto do mercado mundial combinado para sementes e pesticidas em uma rápida consolidação da indústria de insumos agrícolas.
Juntas, Bayer e Monsanto se converterão em um gigante mundial com um volume de negócios anual de 23 bilhões de euros (US$ 25,8 bilhões) e quase 140.000 funcionários.
Se concretizado, o negócio deverá criar criará a maior fabricante de insumos agrícolas e sementes do mundo. Segundo o jornal The Wall Street Journal, juntas, as duas empresas controlariam 28% das vendas de herbicidas.
"A transição une duas empresas diferentes, mas fortemente complementares" em termos de sementes, fertilizantes e pesticidas, destaca a Bayer em comunicado, projetando sinergias anuais de US$ 1,5 bilhão após o terceiro ano de operação combinada.
A fusão anunciada nesta quarta-feira é o capítulo mais recente de um processo crescente de concentração na indústria química. Com os preços reduzidos das matérias-primas, as americanas Dow Chemical e DuPont também anunciaram uma fusão no final de 2015. Ao mesmo tempo, a chinesa ChemChina deseja comprar a suíça Syngenta, que por algum tempo foi cortejada pela Monsanto.
O movimento de fusões no setor tem sido motivado pela queda contínua dos preços agrícolas nos últimos três anos, que tem pressionado as empresas do setor.
Fusão da Bayer e da Monsanto deverá criar líder mundial do setor de pesticidas e sementes. (Foto: Reuters)
Termos do acordo
As negociações começaram no primeiro semestre. A Monsanto, que domina o setor de sementes transgênicas de milho, trigo e soja, não se deixou convencer com facilidade.
Em maio, a Bayer fez oferta de US$ 122 por ação, aumentando em seguida para US$ 125. A proposta seguinte, também recusada, foi de US$ 127,50 por ação. O acordo foi fechado por US$ 128 por ação.
"Temos o prazer de anunciar a combinação de nossas duas grandes organizações. Isso representa um grande passo para nosso negócio Crop Science e reforça a posição de liderança global da Bayer como empresa de Ciências da Vida, impulsionada pela inovação e que ocupa posições de liderança em seus principais segmentos, entregando valor substancial aos acionistas, clientes, funcionários e à sociedade em geral", disse Werner Baumann, CEO da Bayer AG.
Já o presidente e diretor-executivo de Monsanto, Hugh Grant, destacou que "o anúncio de hoje é a prova de tudo que conseguimos realizar e do valor que criamos para os nossos acionistas", disse Hugh Grant, presidente e CEO da Monsanto.
A aquisição está sujeita à aprovação de órgãos regulatórios, mas a expectativa é de que a operação seja concluída até o fim de 2017. Pelo acordo, a Bayer também se comprometeu a pagar US$ 2 bilhões em caso de não aprovação por órgãos antitruste.
Maior aquisição
Autoridades antitruste ainda precisam aprovar a fusão. Trata-se do maior acordo de aquisição fechado neste ano e, se concretizada, a maior aquisição já feita por uma empresa alemã, destaca a Deutsche Welle.
Ainda segundo a agência, o acordo supera a fusão da alemã Daimler com a americana Chrysler, em 1998, que rendeu à montadora dos EUA mais de US$ 40 bilhões. A compra da Monsanto também deve ser a maior transação em dinheiro já realizada, superando a oferta de US$ 60,4 bilhões feita pela cervejaria InBev à Anheuser-Busch em 2008.
A Bayer pretende financiar o valor elevado com dívida emissão de ações, mas as agências de classificação já advertiram que a operação vai provocar uma redução na nota do grupo com sede em Leverkusen.
Na Alemanha, país onde a sociedade se opõe em grande número aos transgênicos, a compra da Monsanto por uma das empresas históricas da indústria nacional, foi condenada por organizações e políticos ecologistas, que também criticam frequentemente os pesticidas de Bayer e chamam a fusão de "casamento dos infernos", destaca a agência France Presse.
"A aquisição da Monsanto significa mais transgênicos e mais glifosato no campo, algo que os consumidores rejeitam", disse a ONG Campact.
Monsanto domina o setor de sementes transgênicas de milho, trigo e soja. (Foto: AP)
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