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Os promotores dos Estados Unidos encarregados da apuração das denúncias
de manipulação de câmbio com diversas moedas nacionais (inclusive o
real) anunciaram que as investigações vão se aprofundar e que outra
moeda, o rublo, também tem sido alvo dos manipuladores interessados em
obter vultosos ganhos financeiros.
© AFP 2015/ VANDERLEI ALMEIDA
CADE: Investigação sobre manipulação do câmbio pode expor mais bancosA
divulgação das manipulações com a moeda brasileira levaram o CADE
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a anunciar que 15 bancos
sediados em outros países e 30 pessoas físicas estão sob investigação
por suposto cartel de manipulação de taxas de câmbio envolvendo o real e
outras moedas. Os mesmos processos investigatórios foram instaurados em
países como Estados Unidos, Reino Unido e Suíça.
No Brasil, respondem a processo administrativo perante o CADE as
seguintes instituições financeiras: Barclays, Citigroup, Crédit Suisse,
Deutsche Bank, HSBC, JPMorgan, Bank of America, Merrill Lynch, Morgan
Stanley, UBS, Banco Standard de Investimentos, Banco Tokyo-Mitsubishi
UFJ, Nomura, Royal Bank of Canada, Royal Bank of Scotland e Standard
Chartered.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o economista Gilberto Braga,
professor do Ibmec-Rio e da Fundação Dom Cabral, explica o que são estas
manipulações com as taxas de câmbio e quem se beneficia dessas
práticas, e afirma que essas iniciativas não têm caráter político, mas
sim uma grande aposta no mercado de câmbio para ganhos financeiros
estratosféricos.
Sputnik: A quem interessa manipular o câmbio?
Gilberto Braga: A manipulação é uma consequência da especulação
financeira. Especular faz parte do mercado financeiro no sentido de ter
expectativas e fazer apostas. No caso da manipulação, ela vai além de se
apostar que algo vai acontecer. Não é mais uma aposta no sentido de
crer que vai acontecer, e sim tentar fazer acontecer. A diferença entre a
especulação típica do mercado financeiro e a manipulação é que nesta
existe uma ação fora das normas, e portanto ilegal, para atingir
determinados resultados e assim fazer com que supostas apostas, que
seriam legítimas mas na verdade não eram, pudessem sair vencedoras e
portanto lucrativas deste processo.
S: E o fato de ter havido a constatação, pelos procuradores
norte-americanos, de que a moeda russa, o rublo, também está sendo
manipulada. A quem interessa manipular, desvalorizar o rublo?
GB: Eu não vejo, na manipulação de mercado, nenhum tipo de alvo de
natureza política ou de comércio exterior propriamente dito. A
manipulação é sempre o alvo daquilo que os especuladores financeiros
identificam como algo manipulável. Os mercados formadores dos BRICS são
as moedas que têm o maior potencial de manipulação, porque, de uma forma
muito fácil, são as economias que estão sempre na gangorra. São aquelas
que em momentos específicos crescem muito e oscilam em função de
conjunturas, em função de sofrerem embargos, como no caso da economia
russa, de poderem se envolver em questões de natureza diplomática.
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