Por Gisele Barros, Luana Souza* e Marlen Couto
A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), senadora Gleisi Hoffmann, gravou um vídeo para a emissora de TV árabe Al Jazeera em que critica a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cita ações do governo do petista que teriam sido favoráveis ao Oriente Médio. Segundo Gleisi, Lula foi o único presidente que visitou a região, e o comércio exterior com países do grupo teria se tornado cinco vezes maior quando Lula ocupou a Presidência. Mas será que é isso mesmo? A equipe de checagem do GLOBO verificou o que disse a senadora.
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"Lula foi o único que visitou o Oriente Médio"
Os países do Oriente Médio visitados pelo ex-presidente Lula foram Síria, Líbano, Emirados Árabes, Egito e Líbia, em 2003, no seu primeiro ano de mandato. Em 2009, Lula fez visita oficial ao Qatar, Arábia Saudita, Turquia e Líbia. Em 2010, viajou à Israel, Palestina, Cisjordânia, Jordânia, Irã e voltou ao Qatar. Porém, Lula não foi o único presidente a fazer viagens oficiais a nações do Oriente Médio, como afirmou a senadora. A ex-presidente Dilma Rousseff também realizou visitas oficiais a países que pertencem à região. Em seu primeiro ano de mandato, em 2011, foi à Turquia, e, em 2014, foi ao Qatar. Em 2015, Dilma voltou à Turquia.
As informações são da Biblioteca da Presidência da República e os países considerados parte do Oriente Médio estão de acordo com a Enciclopédia Britânica.
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"Em seu governo o comércio com a região multiplicou por cinco"
Antes de Lula assumir a Presidência, em 2002, o comércio entre Brasil e Oriente Médio foi de R$ 2,3 bilhões. O valor não aumentou exatamente cinco vezes, como diz a presidente nacional do PT, mas foi bem aproximado: cresceu 4,5 vezes, para R$10,5 bilhões em 2010, último ano do segundo mandato de Lula. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
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"O Brasil foi um dos três países não árabes convidado para a Conferência de Annapolis em 2007"
A conferência de Annapolis, que tinha o objetivo de reunir a comunidade internacional para discutir acordos de paz entre Israel e Palestina, foi realizada nos Estados Unidos em novembro de 2007. Ao contrário do que afirmou Gleisi, não foram apenas três os países não árabes convidados para o encontro. México, Canadá, Espanha, França, Alemanha, Itália e Noruega são algumas das mais de 20 nações não árabes que marcaram presença na reunião.
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"Lula sempre defendeu a existência do Estado Palestino"
O GLOBO localizou apenas declarações públicas de Lula a favor do reconhecimento do Estado Palestino. Em 2004, registrou a BBC, Lula declarou em um encontro com o presidente sírio, Bashar Al-Assad, seu apoio à criação de um Estado palestino. Ainda como presidente, em 2010, Lula defendeu a necessidade de negociações e a solução de dois Estados para o impasse no Oriente Médio em um discurso no Parlamento de Israel. Em 2012, o petista pediu, na Alemanha, que as Nações Unidas colocassem em prática a criação de um Estado Palestino.
Em 2010, durante o segundo mandato do petista, o Brasil reconheceu o Estado Palestino com as fronteiras de 1967, anteriores à Guerra dos Seis Dias entre países árabes e Israel, a pedido do presidente da Autoridade Nacional da Palestina, Mahmoud Abbas. No mesmo ano, Lula sancionou a Lei nº 12.231, que autorizou a doação de um terreno no Setor de Embaixadas Norte, em Brasília, no qual foi construída a Embaixada da Palestina no Brasil, inaugurada em 2016.
Procurada, a assessoria de imprensa do PT afirmou que não vai se manifestar sobre a checagem.
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