Uma vida de "penitência e orações", essa foi uma das penas dadas pelo Papa Francisco a sacerdotes que cometeram pedofilia e já foram condenados por abuso sexual na Itália. Críticos alegam excesso de misericórdia, enquanto os defensores afirmam se tratar de "cura e graça"
Vítimas de pedofilia estão revoltadas com o Papa Francisco, após denúncia de que ele estaria aliviando as penas de sacerdotes da Igreja Católica que cometeram abusos sexuais. Sob o argumento de misericórdia e graça, o Pontífice que outras vezes já se posicionou radicalmente contra os escândalos sexuais da igreja, agora parece aliviar o tom, aderindo a concepção de que a pedofilia seria uma “doença”.
O sacerdote italiano Mauro Inzoli, condenado pela justiça devido abusos contra crianças menores de 12 anos, foi um dos que receberam a clemência do Papa Francisco, segundo informações da agência Associeted Press, onde o jornalista especializado em escândalos sexuais no Vaticano, Mitch Weiss, também escreve.
Invés de ser excomungado, Mauro Inzoli recebeu do Papa Francisco a “pena” de afastamento dos trabalhos públicos e uma vida de penitência e orações. Ele, segundo a matéria publicada no jornal O Globo, é apenas um exemplo entre outros que apelaram para os discursos de “misericórdia” de Francisco para obter a clemência papal após terem cometido abusos sexuais.
Os críticos do Papa, incluindo alguns dos seus conselheiros, alegam que aliviando as penas dos sacerdotes pedófilos da Igreja Católica o Papa Francisco pode estar abrindo um precedente perigoso; “Com toda esta ênfase na misericórdia … ele está criando o ambiente para tais iniciativas”, disse uma das fontes anônimas da investigação, comparando ao Papa anterior, Bento XVI, considerado mais rígido, chegando a excomungar cerca de 800 sacerdotes.
Em uma carta divulgada no segundo dia deste ano, porém, o Papa Francisco demonstrou rigor contra os casos de abuso, como vemos a seguir:
“Tomemos a coragem necessária para implementar todas as medidas e proteger em tudo a vida de nossas crianças, para que tais crimes não se repitam mais. Assumamos clara e lealmente a consigna ‘tolerância zero’ neste assunto”, diz o trecho em publicação no G1.
Os defensores de Francisco alegam que a clemência e o alívio das penas retrata a postura cristã de misericórdia, “cura e graça”, mesmo para os que cometeram crimes hediondos;
“O Santo Padre entende que muitas vítimas e sobreviventes podem avaliar de forma dura qualquer sinal de misericórdia nesta área. Mas ele sabe que a mensagem do evangelho de misericórdia é, em última instância, uma fonte de poderosa cura e de graça.”, disse o porta-voz do Vaticano Greg Burke.
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