Milhares de manifestantes promoveram um protesto em Tel Aviv neste sábado contra uma nova lei de Israel que declara o país como estado-nação do povo judeu, legislação que irritou a minoria árabe do país e gerou críticas no exterior.
O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, defende a lei, que afirma que apenas judeus têm direito à auto-determinação no país e rebaixa o árabe ao dizer que a língua é necessária para afastar ameaças palestinas à auto-determinação judaica.
Os manifestantes, a maior parte árabes-israelenses, agitaram bandeiras e seguraram cartazes com dizeres como "igualdade" escritos em árabe e hebreu.
"A lei legitima o racismo", disse Laila al-Sana, 19. "É muito importante mostrar que estamos aqui para resistir", disse ela.
A população árabe de Israel compreende principalmente descendentes de palestinos que continuaram em suas terras depois da guerra de 1948, durante a criação do país. Centenas de milhares de pessoas foram forçadas a deixar suas casas ou a fugir do conflito.
Muitos árabes de Israel também se identificam como palestinos. Eles são cerca de um quinto do Estado de 9 milhões de habitantes. A legislação israelense garante a eles direitos iguais, mas muitos afirmam que enfrentam discriminação e que são tratados como cidadãos de segunda classe.
"Quando soube da lei, eu senti que tinha que defender minha cidade natal, nossa terra, a terra de meus ancestrais", disse Sheikha Dabbah, de 68 anos.
Em grande parte declarativa, a legislação entrou em vigor pouco depois do 70º aniversário do nascimento do Estado israelense.
A lei estipula que "Israel é a terra história do povo judeu e que ele tem o direito exclusivo à auto-determinação nele." A regra também reduz o árabe da condição de idioma oficial, ao lado do hebreu, a uma "condição especial".
"Eu sinto vergonha que depois de 70 anos eu tenha que acentuar meu nacionalismo em vez de ser generoso com todos que vivem aqui", disse Gila Zamir, 58, um judeu-israelense que mora em Haifa.
Netanyahu publicou em sua conta no Twitter um vídeo da manifestação e escreveu: "Não há melhor evidência da necessidade da lei."
Críticos afirmam que a lei não é democrática porque diferencia cidadãos judeus e não judeus. Os defensores do texto afirmam que a igualdade civil é garantida na atual legislação.
Líderes árabes em Israel têm afirmado que a legislação beira o apartheid. Grupos de direitos humanos e grupos judeus fora de Israel também criticam a lei, bem como a União Europeia, Egito e o próprio presidente de Israel.
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