Os rituais judeus que aconteciam no Templo de Jerusalém eram realizados com itens muito específicos, de acordo com o que a aliança do povo com Deus havia estabelecido, desde os tempos de Moisés. Dentre esses itens, a novilha vermelha, raríssima, era um dos mais importantes.
Recentemente, um rabino que vive na região de Baja Califórnia, no México, encontrou uma novilha vermelha em uma fazenda e se espantou, já que para sua religião, o animal é extremamente valioso.
“Eu cresci ouvindo as histórias, então eu sei o quão rara e valiosa é a novilha vermelha”, disse o Rabino Benny Hershcovich, que fez uma selfie com o animal e publicou em suas redes sociais. “Eu nunca havia visto uma bezerra vermelha e eu nunca achei que veria uma. Meu coração literalmente disparou quando eu a vi”, acrescentou, em entrevista ao portal Breaking Israel News.
Hershcovich então perguntou ao fazendeiro sobre a novilha ruiva e ouviu dele que o animal havia nascido meses antes, e que apesar da cor estranha, para ele era “apenas mais uma vaca”, e que nunca tinha ouvido falar que a Bíblia e/ou a Torá menciona o animal.
Na Torá, a descrição da novilha vermelha para o ritual de purificação dos judeus inclui a exigência de não haver manchas no animal, assim como pêlos de outras cores e não estar prenhe. No versículo 2 do capítulo 19 do livro bíblico de Números, o animal também é citado como necessário para o sacrifício: “Este é o estatuto da lei, que o Senhor ordenou, dizendo: Dize aos filhos de Israel que te tragam uma novilha ruiva, que não tenha defeito, e sobre a qual não tenha sido posto jugo”.
Em quase mil anos, durante o tempo em que o primeiro e o segundo templos em Jerusalém estavam de pé, apenas nove animais com essas características foram encontrados e usados no ritual. Para muitos judeus, dada a raridade dos animais, a décima só surgiria quando o Messias estivesse à frente do povo.
No México, o rabino Hershcovich é um emissário da Chabad, um ramo do judaísmo hasídico que enfatiza o papel do Messias, e presta assistência à pequena comunidade judaica em Baja, além de garantir que a preparação dos alimentos judaicos siga os costumes, ultra-rigorosos, o que é um desafio significativo na região.
Hershcovich disse que sentiu-se desqualificado para determinar se esta novilha, particularmente, cumpriria os requisitos da Torá. As leis que tratam do sacrifício da bezerra vermelha são complexas e um defeito minúsculo ou apenas um fio do pelo na cor errada podem torná-la imprópria: “Independentemente de seu status, apenas o fato de ver algo que era parte integrante do Templo e da história judaica, já foi realmente magnífico. Fiquei simplesmente ‘hipnotizado’ ao ver essa novilha”.
Terceiro Templo
Para os judeus, somente a construção do Terceiro Templo poderia restabelecer a condição de adoração perfeita a Deus, mas para isso, alguns rituais da religião tem que ser cumpridos. E um dos principais, a purificação dos sacerdotes, não pode ser feita sem as cinzas de uma novilha vermelha, conforme descrito no livro de Números.
Os líderes judeus vivem atentos a alguns sinais que, dentro de sua tradição, significaria o surgimento do Messias, uma vez que eles não reconhecem Jesus como o Filho de Deus. O nascimento de uma novilha vermelha fez a comunidade judaica – e também os cristãos – especularem sobre o início do fim dos tempos.
Recentemente, uma novilha vermelha nasceu em Israel. Desde o ano 70 d.C. não nascia uma sem defeitos, conforme exige o texto sagrado. A raridade do animal fez com que os envolvidos a transportassem para os Estados Unidos, para ser criada em segurança. Em outras situações, animais que carregavam a mesma expectativa, foram mortos por judeus que temiam que a realização dos rituais acirrassem os ânimos com os palestinos, afinal, o Terceiro Templo teria que ser construído em Jerusalém, cidade que hoje tem seu território dividido com muçulmanos e cristãos.
“Na verdade, o destino de todo o mundo depende da novilha vermelha, pois suas cinzas são o único ingrediente que falta para o restabelecimento da pureza, e portanto a reconstrução do Templo Sagrado”, disse um membro do Instituto do Templo, entidade israelense que funciona como uma espécie de mantenedora das tradições e conhecimento sobre o tema.
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