Falar sobre morte não é muito fácil, mas já reparou como é preciso pouco para estar morto? Basta atravessar uma rua sem prestar muita atenção, se envolver em um acidente enquanto dirige, enfim... São várias formas para que isso aconteça de uma hora pra outra. Ao mesmo tempo em que ela pode vir acompanhada de muita dor e sofrimento, também pode ser rápida e indolor, como se você apenas apertasse um botão para desligar sua vida.
Parece uma comparação estranha? Pode até ser, mas é exatamente esse tipo de experiência que o desenvolvedor da primeira "máquina de suicídio" impressa em 3D do mundo, pretende criar para o futuro. Pela primeira vez, ela será apresentada em uma exposição aberta ao público, durante a Funeral Fair, em Amsterdã, que ocorrerá no fim deste mês (04/2018).
O responsável pela criação foi o Dr. Philip Nitschke, que de forma nada surpreendente, ganhou o apelido de Dr. Death (Doutor Morte). Durante a feira, ele mencionará seus planos de estreia para sua máquina que auxilia o suicídio... Também chamada de "Sarco", uma abreviação para sarcófago. E acredite, será possível ter uma prévia de como ela funcionará. É possível entrar na tal máquina de suicídio e experimentar como seria encomendar a morte através dela... Pelo menos por enquanto, funciona apenas em realidade virtual. Usando óculos específicos para isso, o usuário pode vislumbrar como a máquina opera.
Planos para o futuro da máquina de suicídio
Claramente um defensor da eutanásia - prática assistida que proporciona morte sem sofrimento, para pessoas com doenças incuráveis, por exemplo - o Dr. Nitschke (imagem abaixo) tem grandes ambições. Ele pretende que os modelos de sua máquina estejam disponíveis de forma gratuita na internet. Isso possibilitaria sua impressão em 3D de qualquer lugar... Permitindo que o usuário a montasse e tivesse "sua passagem pacífica" no local de escolha.
Para aqueles que quiserem usufruir dos reais poderes da máquina de suicídio, sem ser apenas uma experiência de realidade virtual, alguns critérios deverão ser seguidos. Será preciso responder um teste online, na intenção de avaliar a capacidade mental do usuário. Em seguida, se obtiver resultado positivo, um código válido por 24 horas será recebido por ele. Assim, bastará entrar na cápsula, deitar-se, inserir o código e apertar um botão para confirmar o procedimento.
O Sarco funciona com um gerador a base de nitrogênio líquido. Quando liberado, reduz o nível de oxigênio dentro do ambiente, induzindo a uma hipóxia. Já que para funcionar, o cérebro depende de oxigênio, ele vai "desligando" aos poucos. Normalmente, quando isso ocorre a pessoa se sente confusa, tem aumento da frequência cardíaca, sua respiração acelera e sofre de intensa sudorese. Entretanto, a máquina de suicídio é capaz de proporcionar uma morte indolor, segundo Nitschke. Dentro de um minutos apenas, a consciência do usuário é perdida e logo em seguida, ele morre.
Ainda segundo ele e a equipe que trabalhou em conjunto com ele: "A morte de um Sarco é indolor. Não há sufocamento, sensação ruim ou 'fome de ar', pois o usuário respira facilmente em um ambiente de baixo oxigênio. A sensação é de bem-estar e intoxicação".
Pontos negativos
É evidente que a máquina também seja bastante controversa e tenha haters por todas as partes do mundo. Ela virou notícia no ano passado, quando a Austrália optou por legalizar a eutanásia. Portanto, é um provável local em que o Sarco seria permitido. No entanto, tal prática levanta preocupações éticas e religiosas, como já era esperado.
Para muita gente, ter o "direito de morrer" poderia tornar o suicídio uma prática banal, fazendo com que passemos a enxergar como algo normal. A partir daí, seria difícil medir o real valor da vida... Pessoas poderiam começar a se matar de forma frequente, por motivos bobos. No entanto, Nitschke, que praticou sua primeira morte assistida em 1996, argumenta que este é um direito civil. "Todos nós vamos morrer. Um número cada vez maior de pessoas quer dizer alguma coisa sobre como vamos morrer".
O fato é que, embora a tal máquina de suicídio já possa ser uma realidade, é preciso ter muita cautela em relação a como ela será disponibilizada. E também é claro que não será permitida em todos os países. Por enquanto, a experiência apenas em realidade virtual já deve ser o bastante.
E então pessoal, o que acharam? Compartilhem suas ideias com a gente aí pelos comentários!
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