CORRUPÇÃO BRASIL: Petrobras coloca usinas térmicas, terminais de gás e gasodutos à venda, por causa da crise provocada pela roubalheira dos políticos brasileiros
A intenção da estatal é reforçar o caixa com a arrecadação de US$ 57,7 bilhões (o equivalente a cerca de R$ 225 bilhões)
Petrobras quer deixar o setor elétrico(Sergio Moraes/Reuters)
A
Petrobras quer sair do setor elétrico e colocou à venda suas 21 usinas
térmicas, gasodutos e terminais de regaseificação, por onde chega em
forma líquida o gás importado em navios. A conclusão do negócio esbarra,
porém, em questões regulatórias, segundo um executivo de uma grande
empresa do setor elétrico que quer comprar ativos.
A intenção da
Petrobras é reforçar o caixa com a arrecadação nas vendas de US$ 57,7
bilhões (o equivalente a cerca de R$ 225 bilhões). Mas, até agora, a
empresa só conseguiu se desfazer de 49% de uma de suas subsidiárias, a
Gaspetro, de distribuição de gás, por R$ 1,9 bilhão. Ainda estão sendo
negociadas parcerias na BR Distribuidora, concessões para a exploração e
produção de petróleo e gás, uma fatia da petroquímica Braskem, fábricas
de fertilizantes, terminais, dutos e navios, além das usinas.
Com
pouco dinheiro para investir no que considera o seu trunfo para
enfrentar a crise - o pré-sal -, a Petrobras decidiu deixar de ser uma
empresa integrada de energia, presente do poço ao posto. A nova empresa
será, prioritariamente, uma produtora de petróleo.
Para
tirar o plano de desinvestimento do papel, a empresa terá de superar a
concorrência de programas semelhantes de petroleiras do mundo todo,
afetadas pela queda do preço do petróleo. No Brasil, pesam ainda
limitações regulatórias.
Para vender suas térmicas, a Petrobras
terá de, primeiro, chegar a um acordo com a Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sobre a regulação dos
gasodutos. O executivo que conversou com o Broadcast, serviço de
notícias em tempo real da Agência Estado, disse que tem muito interesse
nas usinas, gasodutos e terminais de regaseificação, mas não fechará
acordo com a Petrobras até que o governo dê certeza de que sua empresa
poderá ser a operadora dos gasodutos.
Hoje, a operação dos
gasodutos é da estatal. "Ninguém quer ficar refém da Petrobras, que é a
dona do gás e de toda a rede de transporte", disse.
A Petrobras
tem capacidade de geração térmica de 6,14 megawatts. Quase metade, 47%,
localizada no Estado do Rio de Janeiro. Há ainda usinas em outros oito
Estados, alguns deles grandes consumidores de energia, como São Paulo.
A
rede de gasodutos se estende por mais de 9 mil km, parte dela ligada
aos terminais de regaseificação da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro,
e de Pecém, no Ceará. Ter acesso aos terminais possibilita o acesso ao
gás importado e diminui a dependência dos futuros donos das usinas.
As
térmicas foram construídas durante o governo do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso para socorrer o país no apagão de 2001. Com o fim do
período de seca e a recuperação dos reservatórios hidrelétricos, as
térmicas, que produzem energia mais cara, foram desligadas, gerando
perdas à Petrobras. O desempenho financeiro só melhorou nos últimos
anos, quando as térmicas voltaram a ser acionadas por causa da seca.
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