Conselho de Segurança da ONU se reúne em caráter de urgência, e a UE cobra uma solução política no país
Covas em Saada para enterrar as crianças mortas no ataque. AFP
O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se a portas fechadas nesta sexta-feira para discutir o ataque cometido na véspera pela coalizão liderada pela Arábia Saudita contra um ônibus que transportava crianças no norte do Iêmen, numa província controlada pelos rebeldes huthis, xiitas próximos ao Irã. A União Europeia, por sua vez, salientou que a única possibilidade de resolver o conflito do Iêmen é mediante “uma solução política”, e não militar, e cobrou das partes envolvidas o compromisso de retomar as negociações de paz. A coalizão liderada por Riad, que justificou o ataque como uma “ação legítima”, informou nesta sexta-feira que investigará o ocorrido.
A reunião do Conselho de Segurança foi solicitada por Bolívia, Holanda, Peru, Polônia e Suécia, que não são membros permanentes “Vimos as imagens das crianças que morreram”, disse à imprensa a embaixadora-adjunta da Holanda, Lise Gregoire-van Haaren. “É essencial neste momento ter uma investigação confiável e independente”, acrescentou. Estados Unidos, França e Reino Unido, três dos membros permanentes do Conselho, apoiam a coalizão saudita em sua campanha militar contra os rebeldes huthis no Iêmen, mas já expressaram sua preocupação com o elevado número de vítimas civis.
“Estes trágicos incidentes recordam ao mundo, uma vez mais, que não há solução militar para um conflito em que os iemenitas estão pagando o preço mais alto”, disse em nota o serviço de Ação Exterior da União Europeia. Em Washington, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Heather Nauert, afirmou que seu país está “preocupado” com os relatos sobre o ataque que provocou a morte de civis. “Pedimos à coalizão liderada pela Arábia Saudita que realize uma investigação exaustiva e transparente sobre o incidente”, afirmou.
Diante da pressão, um oficial de alta patente da coalizão liderada por Riad —da qual participam também Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Egito e Bahrein, entre outros— declarou à agência oficial de notícias saudita SPA que “o comando da coalizão informou imediatamente à Equipe Conjunta para a Avaliação de Incidentes para que verificasse as circunstâncias e os procedimentos” do ataque.
Manifestação contra o ataque aéreo em Sadaa (Iêmen). EFE YAHYA ARHAB
Esta não é a primeira vez que a coalizão sunita atinge alvos civis e causa vítimas entre os cidadãos do Iêmen. O conflito armado no país começou em 2014, quando os rebeldes huthis ocuparam Sanaa (capital) e outras províncias, e recrudesceu em 2015 com a intervenção da coalizão árabe em prol das forças leais ao presidente iemenita, Abdo Rabu Mansur Hadi.
Rebeldes reagem disparando foguetes
O canal iemenita de TV Al Masira, controlado pelos rebeldes, informou nesta sexta-feira que a Força de Mísseis dos huthis lançou “muitos mísseis balísticos” contra alvos militares e “vitais” nas regiões de Yazan e Asir, no sul da Arábia Saudita. A televisão emiradense Al Arabiya informou minutos depois que pelo menos dois mísseis foram interceptados pelos escudos antimísseis sauditas.
Os ataques com mísseis dos rebeldes contra o território saudita se tornaram habituais nos últimos meses, mas em geral não causam vítimas. As autoridades sauditas reconheceram a ação militar e a qualificaram inicialmente como “ação militar legítima” depois de um ataque huthi contra um povoado do sul do país, no qual um civil morreu e 11 ficaram feridos.
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