“É
um bom negócio para [organizações] LGBT com sede em Nova Iorque ou
Genebra. Elas recebem reconhecimento, e com isso financiamento e poder.
Mas não é sempre bom para indivíduos LGBT nos locais que enfrentam
perigo,” escreveuScott Long, um arquiteto do movimento LGBT internacional. “E eles podem ser insultados, punidos, mortos em consequência.”
Países membros foram abordados com informações sobre a situação de
indivíduos que se identificam como homossexuais em territórios
controlados pelo ISIS. Um quadro macabro de 30 execuções públicas e
perseguições da polícia e membros de família emergiu.
Samantha Power, embaixadora dos EUA, saiu da reunião de portas fechadas
com Subhi Nahas, um homem que se identificou como gay da Síria que falou
ao grupo de países. O Departamento de Estado dos EUA considerou a
reunião como a “primeira reunião do Conselho de Segurança sobre direitos
LGBT,” embora não fosse uma reunião formal do órgão mais poderoso da
ONU. Nem foi realizada nas salas de audiência do Conselho de Segurança.
Power chamou a reunião de “comovente.” A ex-jornalista que defende
intervenção militar para impedir abusos de direitos humanos pediu aos
jornalistas que dessem mais cobertura para questões LGBT na ONU.
“A reunião de hoje é um sinal de que essa questão está sendo injetada na
ONU. Nos setenta anos de história da ONU, os últimos cinco têm visto
alguns dos eventos muito importantes,” ela começou.
Power prometeu “injetar” direitos LGBT no “DNA da ONU” e levar outros
países a fazer isso — insinuando como nenhum documento de fundação da
ONU ou tratado ou resolução inclui “orientação sexual e identidade de
gênero” como categoria protegida nas leis de direitos humanos. Embora
tentativas tenham sido feitas para incluir isso, elas têm sido
completamente rejeitadas. Aliás, o termo só foi incluído em poucos
documentos da ONU. Mesmo assim, Power disse que a reunião informal foi
um “passo pequeno, mas histórico.”
Ainda que “orientação sexual e identidade de gênero” não sejam uma
categoria especificamente protegida nas leis de direitos humanos, as
pessoas mortas pelo ISIS estão cobertas pelas leis de direitos humanos
porque elas são seres humanos. É evidente que o ISIS viola os direitos
humanos delas ao matá-las como pessoas inocentes.
A reunião de portas fechadas realizada pelo Chile e pelos EUA ocorreu
depois da “Arria-formula,” descrita como “reuniões confidenciais muito
informais que dão condições aos membros do Conselho de Segurança para
terem uma troca de ideias franca e privada” informada por relatórios e
testemunhos.
Quando indagada sobre levantar as questões de modo informal, Power
sugeriu que reuniões informais como o comunicado à imprensa de
segunda-feira eram possíveis.
Power tentou reforçar a tese de que os direitos LGBT estão progredindo
na ONU recordando uma resolução de 2010 que menciona “orientação
sexual.” Essa resolução foi só adotada depois de uma votação, e a
oposição à inclusão desse termo vem crescendo
sem parar desde então. Ela também mencionou uma resolução do Conselho
de Direitos Humanos, a qual meramente pediu um relatório da burocracia
da ONU, e tem apenas apoio frágil entre países membros da ONU.
“Fazer publicidade desse relatório é muito importante,” ela disse,
acrescentando que os jornalistas deveriam “levantá-lo e amplificá-lo.”
Direitos LGBT “não são uma questão de forma alguma confinada ao ISIS,”
Power disse, lamentando que as sociedades “não são receptivas” ou
“criminalizam a condição LGBT.”
Power se comprometeu a levantar direitos LGBT toda vez que o assunto do
ISIS aparecer no Conselho de Segurança, e “examinar como os indivíduos
LGBT estão sendo tratados em outras áreas de conflito.”
A abordagem do governo de Obama é uma má ideia de acordo com Scott Long.
O ISIS faz sucesso quando exerce poder, ele observa. Perpetrar “uma
campanha assassina que tem sido publicamente deplorada por países
poderosos na ONU confirma a própria reivindicação do ISIS ao poder.”
“As discussões não são ‘históricas.’ Mudança é,” ele escreveu. “É cruel
para indivíduos LGBT cujas vidas estão em risco celebrarem tão
efusivamente uma discussão que tem pouca chance de levar à mudança.”
O “governo de Obama não tem nenhum modo real de combater as matanças que
o ISIS comete contra indivíduos LGBT, ou a maioria dos abusos de
direitos humanos que esse grupo comete,” Long disse.